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Mais do que um game, ele é o centro da sala de estar

Tecnologia

Por Shira Ovide | The Wall Street Journal

Gigantes da alta tecnologia vêm lutando há anos pelo controle da sala de estar. Essa guerra está longe de terminar, mas uma empresa tem ganhado uma posição surpreendentemente forte: a Microsoft Corp.

A fabricante americana de software vem transformando gradativamente seu Xbox, que no início era apenas uma máquina de videogame, num centro multiuso de entretenimento distribuído através da internet. Agora, a linha de consoles enfrenta a concorrência mais acirrada de seus 11 anos de história.

A Microsoft, procurando dar aos usuários mais razões do que só videogames para eles comprarem um Xbox,, tem estado ocupada fechando acordos com empresas como a Netflix Inc., a YouTube, da Google Inc., e a ESPN, da Walt Disney Co., para entregar conteúdo para o aparelho.

Embora os usuários possam encontrar máquinas rivais com serviços similares, a Microsoft tem explorado ativos como o controle remoto Kinect, do Xbox 360, para oferecer produtos inovadores, como aplicativos de exercícios que monitoram os movimentos do usuário ou a capacidade de controlar a televisão com comandos de voz. A empresa também lançou recursos interativos, como a possibilidade de votar em programas de TV ao vivo.

O Xbox é a primeira máquina “capaz de combinar com sucesso a televisão com a interatividade”, diz Bing Gordon, um executivo veterano no setor de videogames que hoje é sócio da empresa de capital de risco Kleiner Perkins Caufield Byers. Gordon chama o Xbox Live da Microsoft, um serviço de dez anos de idade para integrar o Xbox à web, “uma das grandes invenções de software da nossa geração”.

O sucesso do Xbox representa um capítulo otimista na longa saga de decepções da Microsoft na sala de estar. Produtos como a WebTV, um sistema que a empresa adquiriu em 1997 para levar a internet aos televisores, não conseguiu deslanchar. E outros esforços para contectar computadores pessoais especialmente equipados com Windows a TVs também não funcionaram.

A Microsoft decidiu que já não vai mais participar da CES, a maior feira mundial de eletrônicos de consumo, em Las Vegas, que abriu suas portas ao público ontem. Mas outras grandes empresas de produtos eletrônicos de consumo devem anunciar esta semana, durante o evento, avanços em produtos como aparelhos de TV com conexão à internet e sistemas operacionais melhorados, incluindo produtos que executam a terceira geração do software de TV da Google Inc. Outras, como a TiVo e a Roku Inc., continuam atualizando seus próprios aparelhos conversores para TV.

As expectativas são ainda maiores para saber se a Apple Inc., cujo aparelho Apple TV conecta iPhones, iPads e serviços da web a televisores, está planejando um ataque mais amplo que pode incluir suas próprias TVs conectadas à internet.

O prêmio potencial é a liderança no futuro da indústria do entretenimento, que só nos Estados Unidos movimenta mais de US$ 150 bilhões ao ano em assinaturas de TV a cabo e publicidade televisiva.

 

Caixas do Kinect

Marc Whitten, vice-presidente corporativo no comando do Xbox Live, diz que a vantagem acumulada pelo Xbox, ao expandir serviços e a lealdade dos usuários, dão a ele a confiança de que pode superar rivais no setor de entretenimento em casa. “É realmente um momento emocionante […] de ver aonde vai o entretenimento”, diz Whitten. “Estamos muito honrados por ter a base de usuários que temos, e acho que isso nos ajuda muito.”

As vendas do Xbox – mais de 70 milhões de consoles desde 2005 – superam de longe as vendas de aparelhos especiais de entretenimento, como a Apple TV.

A Microsoft vem promovendo o sucesso do Xbox além dos videogames já há algum tempo. Numa mudança de estratégia anunciada por executivos do Xbox pela primeira vez em março passado, a empresa disse que os usuários do Xbox Live passaram consistentemente mais tempo em atividades de entretenimento, como assistindo vídeos da Netflix, do que em opções para jogar videogames on-line com outras pessoas.

Num possível indicador de suas ambições de entretenimento, a Microsoft chegou a um acordo recente para a comprar a id8 Group R2 Studios Inc., uma empresa novata que desenvolve tecnologia relacionada à distribuição e exibição de mídia digital na TV, de acordo com pessoas a par do assunto.

 

Executivos testam o Kinect em feira de entretenimento americana

No entanto, a Microsoft enfrenta um grande número de rivais e céticos, que apontam como problemas a complexidade de um dispositivo concebido tanto para jogos como para streaming de vídeo e a dificuldade de estabelecer preços.

Um Xbox custa nos EUA de US$ 199,99 a US$ 299,99, bem acima do de um aparelho para streaming de vídeo on-line Roku, cujo preço começa em US$ 49,99. Para acessar a maioria dos recursos de entretenimento através do Xbox, os usuários também precisam pagar por uma assinatura do serviço Xbox Live, que nos EUA é de US$ 60 por ano.

Além disso, para ter acesso a serviços de vídeo como Netflix ou Hulu Plus ou um serviço de TV a cabo, é preciso pagar assinaturas separadas.

O resultado dessa batalha pode depender de como a Microsoft atualizar o Xbox, o que alguns analistas da indústria dizem que pode acontecer no fim de 2013.

De acordo com pessoas familiarizadas com as deliberações da Microsoft, os executivos têm debatido se o próximo Xbox deve vir em duas versões, um console poderoso e mais caro, principalmente para jogos, e outro mais enxuto, mais barato, feito principalmente para se assistir vídeos e realizar tarefas on-line.

Whitten se recusa a discutir planos futuros para o Xbox. “Continuo pensando que isso é a plataforma para levar todo o entretenimento a um só lugar”, diz.

Embora há muito associado com videogames pelo público, os objetivos mais amplos de entretenimento já faziam parte do planejamento original do Xbox, dizem Whitten e outras pessoas a par do lançamento da máquina em 2001.

A Microsoft continua adicionando recursos e serviços on-line para o Xbox, incluindo os serviços de streaming de música e armazenamento de dados na web anunciados no ano passado. Ela também acrescentou buscas controladas por voz, de forma que um usuário pode encontrar um episódio de um programa ou filme na TV, Netflix ou outros serviços de vídeo por demanda.

Embora tenha perdido dinheiro por muito tempo, o Xbox agora também parece estar finalmente se sustentando. Michael Pachter, analista da Wedbush Securities, calcula que a Microsoft ganha cerca de US$ 115 em lucro bruto com cada console Xbox.

A divisão da Microsoft ancorada pelo negócio do Xbox registrou uma receita de US$ 1,95 bilhão no primeiro trimestre fiscal, encerrado em 30 de setembro, em comparação com US$ 1,96 bilhão no ano anterior, e um lucro operacional de US$ 19 milhões, abaixo dos US$ 340 milhões de 12 meses antes. À medida queo Xbox 360 envelhece, as vendas oscilam. A empresa diz que despachou 25% menos consoles Xbox aos verejistas, ou 1,7 milhões de unidades, no trimestre findo em 30 de setembro, em comparação com o mesmo período do ano anterior. (Colaboraram Ian Sherr e Don Clark)

 Do Valor Econômico

 

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