Por Gustavo Brigatto | De Las Vegas (EUA)
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Em meio ao processo de recuperação de seus negócios – prejudicados nos últimos dois anos pelo fraco desempenho na área de celulares -, a coreana LG mostrou ontem em Las Vegas, nos Estados Unidos, novidades nas áreas de conexão e interação entre dispositivos, conceito conhecido como casa conectada.
O conceito, que já fazia parte da estratégia da companhia, foi reforçado com a inclusão de recursos que permitem uma interação mais simples entre pessoas e máquinas. É o caso do uso de tecnologia de comunicação por contato, Near Field Communication (NFC), em equipamentos como máquinas de lavar e geladeiras. Com o NFC é possível programar um ciclo de lavagem, ou atualizar a lista de compras sem precisar de muitas etapas, ou passos, basta aproximar um dispositivo compatível – que pode ser da LG, ou não.
A companhia também mostrou aperfeiçoamentos no reconhecimento de gestos e de comandos de voz do Magic Remote, um controle remoto para TVs e dispositivos Blu-ray que tem o objetivo de simplificar o uso desses aparelhos. “Nos últimos anos, adicionamos muitos recursos aos produtos. Mas não se trata apenas dessas funções, mas da forma de usá-las”, disse Skott Ahn, principal executivo de desenvolvimento e tecnologia da companhia, durante a Consumer Electronics Show (CES), feira de tecnologia que será realizada até sexta-feira. A expectativa é que os produtos mostrados durante a CES cheguem às lojas, inclusive do Brasil, até o fim do ano.
A aposta no conceito de “smart life” integra o esforço da fabricante coreana para recuperar o prestígio e as receitas perdidas no último biênio. Nos anos fiscais de 2010 e 2011, a companhia teve resultados negativos (prejuízos de US$ 550,1 milhões e US$ 251,1 milhões, respectivamente), por conta do mau desempenho de sua área de telefones celulares. A fabricante não conseguiu acompanhar o ritmo de rivais como a Apple e a também coreana Samsung, ficando fora da disputa pelo mercado de tablets e com uma participação reduzida na área de smartphones.
Com o resultado fraco, analistas chegaram a recomendar que a LG se desfizesse da unidade. Mas, a reformulação da linha de telefones e apostas nas áreas de linha branca e TVs, devolveram o azul aos resultados. No terceiro trimestre fiscal de 2012, a companhia teve lucro de US$ 142 milhões, resultado impulsionado pela venda de eletrodomésticos. A nova geração da telefonia móvel é a grande aposta da fabricante para recuperar o fôlego perdido nos últimos anos. Durante a CES, a LG não fez anúncios na área de smartphones. A companhia guardou os lançamentos para o Mobile World Congress (MWC), que será realizado em fevereiro, em Barcelona.
A promessa da casa conectada e de um dia a dia mais simples com o auxílio da tecnologia é antiga, mas nunca foi completamente absorvida pelos consumidores. Parte da dificuldade na aceitação desse tipo de tecnologia sempre esteve ligada à dificuldade para lidar com os aparelhos e sistemas que fazem esses recursos funcionar.
Na CES 2013, diversas empresas apresentarão produtos que têm o objetivo de tornar o relacionamento entre pessoas e máquinas mais simples. De acordo com Shawn DuBravac, diretor de pesquisa da Cosumer Electronics Association (CEA), organizadora da CES, a tendência é que os fabricantes passem a criar novas interfaces e aplicações. “A última década foi da proliferação de sensores e tecnologias nos dispositivos. Agora, vamos ver esses recursos sendo explorados de diversas formas pelos fornecedores para melhorar a vida das pessoas”, disse.
A companhia também mostrou televisores novos. Além do modelo de projeção a laser com tela de 100 polegadas e o de tecnologia Oled (sucessora do atual LED), que já tinham sido revelados no começo da semana passada, ela apresentou mais duas opções de equipamentos com resolução UltraHD – quatro vezes superior à alta definição disponível. Modelos com Oled e UltraHD também estão nos planos da Samsung e Sony.
*O repórter viajou a convite da LG
do Valor Econômico.