29/10/2017
Nivaldo Cleto (*)
Entre os dias 30 de outubro e 3 de novembro ocorre a reunião de número 60 da ICANN em meio ao calor de Abu Dhabi. A comunidade global de tecnologia se agrega trimestralmente de modo voluntário, ou com o apoio de empresas nesses eventos, sempre com o objetivo de discutir o futuro dos nomes de domínio e a estrutura da governança da internet. A última reunião do ano é a mais longa e busca ser mais acessível para os novatos.
Pensando na instituição como um todo, se destacam duas importantes transições que ocorrem neste momento. Em primeiro lugar, Steve Crocker, um aclamado contribuidor no estabelecimento de padrões da Internet, deixa a posição de presidente da Board da ICANN para Cherine Chalaby, que vem do setor bancário e é possuidor de vasta experiência no aspecto das finanças da ICANN.
Em segundo lugar, com a prematura saída de Thomas Schneider do comando do GAC, conselho onde se reúnem os governos dentro da ICANN, uma eleição um pouco conturbada foi convocada, e os votos estão divididos entre a representante argentina Olga Cavalli e a egípcia Manal Ismail. Possuidoras de estilos distintos, essas líderes se consolidaram ao longo dos anos como potências dentro do conselho e será interessante acompanhar as mudanças que irão decorrer dessa troca de poder.
A GNSO, responsável pela criação de políticas para nomes genéricos como o .com e afins, está focada no debate da próxima rodada de registro de novos domínios, aqueles que incluem o já consolidado .hotel, por exemplo. A primeira rodada do leilão de novos domínios pode ser considerada um sucesso até certo ponto, visto que alguns sucessos foram notáveis, como é o caso do .xyz e do .party. Por outro lado, problemas existem, e ainda ocorre muito debate a respeito de como avançar pautas como a do diretório de informações de donos de domínios, o WHOIS.
Relacionado ao tema dos novos genéricos, é central a essa reunião o embate em torno do domínio .amazon, que se encontra no centro de uma acalorada disputa entre a empresa mundial de varejo Amazon e os países amazônicos, na verdade largamente atuando sob direção e interesse do setor governamental do Brasil. O embate ocorre há anos, mas está alcançando seu ponto máximo nessa reunião.
Da perspectiva da comunidade de negócios da Business Constituency, além de todos os pontos já elencados, são de grande interesse para nós os temas:
– a ICANN vai se adaptar aos novos princípios de privacidade da União Europeia, que mudam a dinâmica de como domínios devem se identificar publicamente;
– a questão dos RPMs, que são os mecanismos de proteção de direitos que asseguram a preservação de marcas no DNS e;
– a aplicação do lucro advindo da rodada anterior de novos domínios.
Essa é uma reunião chave, que deve informar muito do que acontecerá nos próximos anos na governança da internet. Siga todas as informações principais relacionadas à comunidade de negócios em nossas postagens no site e nas redes sociais.
(*) Conselheiro do CGI.br Membro da ICANN Business Constituency