A tecnologia digital ajudou a disseminar o hábito da fotografia entre os brasileiros ao facilitar o uso das máquinas e eliminar os custos com filme e revelação. Só no primeiro semestre, foram vendidas 2,3 milhões de câmeras no país, um aumento de 22% em comparação com o mesmo período de 2011, segundo a consultoria GfK. Essa tendência é evidente no dia a dia. Em qualquer evento – de show de rock a casamento do primo – alguém sempre saca uma máquina para registrar o momento e, mais tarde, compartilhar as imagens nas redes sociais.
Os modelos menores e mais baratos, que caracterizaram a primeira onda, continuam a ser os mais vendidos no país. Cerca de 39% das vendas no Brasil ainda é de máquinas abaixo de R$ 300, de acordo com a GfK.
Mas parte dos consumidores – que ganhou confiança em sua habilidade atrás das câmeras – começa a migrar para categorias avançadas, com mais recursos técnicos. Para esse público, preço e tamanho já não importam tanto.
A aposta do momento é nas câmeras conhecidas como micro quatro terços, ou máquinas de 3ª geração. São equipamentos maiores que as compactas – o que dá mais estabilidade na hora de fotografar -, mas menores que as profissionais. Isso é possível porque as micro quatro terços não têm o jogo de espelhos interno das profissionais, apesar de apresentar recursos semelhantes aos delas.
A principal característica das micro quatro terços é que suas lentes são removíveis, ou seja, o usuário pode comprar os conjuntos de lentes mais apropriados para cada situação. Essa característica traz ao alcance do consumidor comum a possibilidade de dominar técnicas que antes eram quase exclusivas dos profissionais. Um dos efeitos mais interessantes é desfocar objetos em segundo plano para conferir à foto uma sensação de profundidade.
A aceitação das micro quatro terços mostrou aos fabricantes que havia espaço para produtos intermediários. Além dos modelos sem espelho, as companhias passaram a reforçar a oferta de produtos, com o jogo de espelhos, mas com preços mais acessíveis que os das máquinas topo de linha. Com isso, a categoria das semiprofissionais ganhou opções de configuração e preço, com o usuário podendo escolher entre máquinas micro quatro terços ou convencionais.
Para comparar, a semiprofissional D3200, da japonesa Nikon, foi lançada no Brasil na semana passada a um preço sugerido de R$ 4 mil. É mais de dez vezes o preço médio das campeãs de popularidade no país, mas representa apenas um quinto do preço da 5D Mark III, uma profissional de alto nível da também japonesa Canon. Ambas têm espelho. Para quem quer gastar menos, há opções como a micro quatro terços NEX-F3, da Sony, que custa R$ 1,9 mil.
A tecnologia digital também permite, hoje, o que seria impensável para os pioneiros da fotografia no fim do século XIX: fotograr sem um dispositivo criado especificamente para esse fim.
Faz dez anos que a Nokia lançou o primeiro celular com câmera embutida, o modelo 7650. Desde então, a câmera virou um recurso padrão nos telefones, a ponto de muita gente dispensar as máquinas fotográficas em favor desses dispositivos.
A comodidade de estar permanentemente com o celular no bolso ajudou os aparelhos a se firmarem no mundo da fotografia, criando uma cultura própria. O aplicativo Instagram, que se tornou uma febre, é destinado especificamente a celulares.
A qualidade das câmeras embutidas também aumentou: o modelo 808 Pureview, da Nokia, tem resolução de 41 megapixels, quando a média das câmeras compradas no Brasil não ultrapassa 15 megapixels.
Aplicativos e serviços ajudam a retocar e organizar fotos
Até pouco tempo atrás, ter fotos bem tratadas e organizadas exigia investimento em softwares de edição de imagem e paciência para manter todos os arquivos em ordem. Mas com a chegada dos tablets e smartphones, percorrer sua biblioteca digital sem dificuldades, com fotos bem cuidadas, tornou-se acessível. Os próprios telefones já trazem embutidos recursos básicos de edição, como ajuste de níveis de cor, contraste e redimensionamento das imagens.
Nas lojas de aplicativos, uma centena de pequenos programas se propõem ajudar na tarefa de retocar ou ajustar imagens. Os mais conhecidos atualmente são o Instagram e o Snapseed. Mas as opções disponíveis nesses programas estão mais relacionadas à aplicação de efeitos que ao tratamento das imagens propriamente dito. Para isso, as melhores opções são o iPhoto, da Apple (US$ 4,99), e o recém-lançado Photoshop Express, da Adobe (o programa é gratuito, mas oferece pacotes com novos recursos que custam entre US$ 1,99 e US$ 4,99).
Na hora de manter as fotos em ordem, também não faltam opções. O iCloud, da Apple; o SkyDrive, da Microsoft; e o Dropbox têm recursos que enviam automaticamente fotos e vídeos feitos com um smartphone para as contas dos serviços on-line. Basta se conectar a uma rede Wi-Fi (que são mais rápidas e confiáveis que as da telefonia móvel) para que as atualizações sejam feitas.
Isso evita o trabalho de sempre ter de ligar o telefone no PC para descarregar as fotos do fim de semana e pode ajudar a manter a família e os amigos atualizados sobre a viagem de férias: basta compartilhar a pasta com quem você quiser para que essa pessoa seja avisada sobre atualizações na hora em que elas forem feitas.
Quem tem medo de colocar suas fotos em um serviço on-line, que é acessado via internet, pode investir um pouco mais e comprar um HD externo da linha My Book Live, da fabricante americana Western Digital. Trata-se de um equipamento de armazenagem que dá acesso a um serviço on-line, o WD 2go. Com equipamentos desse tipo, é possível criar o que os especialistas chamam de nuvem privada. O conceito é simples: o dispositivo fica conectado o tempo todo à internet e pode ser acessado por meio de um site, ou de um aplicativo. Quando fotos ou vídeos são capturados, eles são carregados diretamente no HD.
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