Por Walter S. Mossberg
A Samsung está em ótima fase. O sucesso dos seus muitos modelos de smartphones, ajudado por imensas campanhas de marketing, fez dela, de longe, a principal fabricante de aparelhos que rodam o Android, o sistema operacional da Google, e a principal concorrente da Apple no mercado de smartphones. De fato, Samsung é sinônimo de “Android”, quase tanto quanto a própria Google.
Agora, a gigante coreana de eletrônicos está prestes a lançar a mais recente versão do seu principal modelo nos Estados Unidos, mercado onde ela ainda não conseguiu tirar a posição de liderança do iPhone da Apple. O novo modelo, o Galaxy S 4, será lançado na semana que vem em planos conjuntos com as operadoras AT&T, T-Mobile e Sprint e provavelmente em maio com a Verizon Wireless.
Testei o Galaxy S 4 intensamente durante quatro dias e, embora admire alguns de seus recursos, de modo geral não é um produto revolucionário. É uma evolução do modelo anterior e tem algumas melhorias, mas continua especialmente fraco no software que a Samsung acrescenta ao Android. Achei que o software era muitas vezes confuso, repetia os aplicativos padrão do Android ou, em alguns casos, só funcionavam de maneira intermitente.
Aconselho os leitores que estejam procurando um novo smartphone Android que pensem seriamente no refinado e altamente capaz HTC One, em vez de optar pelo óbvio, que seria esse Samsung mais recente.
O novo Galaxy tem uma tela gigante de 5 polegadas, um pouco maior que a de 4,8 polegadas do seu antecessor, mas seu corpo, feito sobretudo de plástico, é mais fino e mais leve. Pode ser difícil de guardar num bolso ou bolsa pequena e fica engraçado junto ao ouvido, mas sem dar a sensação de ser um tijolo.
Mesmo assim, comparado com o iPhone 5 e sua tela de 4 polegadas, o S 4 é 30% maior e 17% mais pesado. O novo Galaxy tem uma câmera de 13 megapixels, comparada com a de 8 megapixels do iPhone 5.
Quase todos os celulares com Android já vêm com dois aplicativos de e-mail, um deles reservado para o Gmail, da Google. Mas no Galaxy S 4 há também duas lojas on-line de vídeo e música, dois tocadores de música e vídeo, dois calendários e dois navegadores.
No entanto, o aparelho não mostra nenhum ícone de atalho para a câmera fotográfica quando a tela inicial está bloqueada. (Você pode acrescentar esse recurso pelo menu de configurações – e, como pode ter adivinhado, de duas formas diferentes.)
Algumas novas funções de software da Samsung funcionaram bem. Uma delas, chamada Air View, permite ver informações sobre e-mails ou a agenda de compromissos apenas colocando o dedo acima do item, sem tocar na tela.
A função multijanelas divide a tela para mostrar dois aplicativos ao mesmo tempo. Mas ambos os recursos só funcionam com certos aplicativos.
Também gostei de uma versão melhorada do Easy Mode, que substitui as às vezes confusas telas e painéis por outros mais simples e maiores, com ícones mais básicos e configurações simplificadas.
Outra boa jogada foi a Samsung ter reescrito o aplicativo de e-mail padrão do Android, que ficou melhor, com uma caixa de entrada unificada e outras boas funções novas.
Falando em configurações, a Samsung se orgulha do painel ampliado, com ícones de configurações acionados por toque, que aparece quando você puxa para baixo a janela de notificação do Android, na borda superior da tela. Gostei da ideia, mas esse painel pode confundir os usuários ao mostrar itens chamados “Air Gesture”, “Smart stay”, “S Beam” e outros recursos especiais da Samsung.
Há toda uma série de novos efeitos de câmera, incluindo um divertido que permite sobrepor uma pequena imagem quadrada do seu próprio rosto sobre uma foto que você estiver tirando. São recursos fáceis de acionar, mas duvido que sejam usados com frequência.
Praticamente não consegui usar um conjunto de funções que supostamente executam certas ações detectando se o usuário está olhando para a tela. Por exemplo, o “Smart scroll” rola a tela segundo o ângulo da sua cabeça e a “Smart pause” interrompe a reprodução de um vídeo quando você desvia o olhar. Comigo elas só funcionaram cerca de 10% das vezes. A Samsung culpou as condições de iluminação, apesar de que usei o aparelho em vários ambientes.
Mas em muitas especificações importantes de hardware, o Galaxy S 4 é campeão. Sua resolução de tela e de câmera supera as do iPhone 5. Também achei suas fotos um pouco melhores que as do celular da Apple, o qual já tem quase um ano de existência. A bateria removível me proporcionou um dia inteiro de uso.
Mas o corpo de plástico me pareceu pouco substancial e o alto-falante mono na parte traseira tem qualidade apenas razoável. É estranho, mas achei que o som dos fones de ouvido era baixo demais em alguns casos, embora as chamadas de voz fossem claras.
Os preços nos EUA variam dependendo da operadora. A AT&T, por exemplo, vai vender o modelo básico de 16 gigabytes nos EUA por US$ 200, com um contrato de dois anos. Já o preço da T-Mobile, para pagar ao longo de dois anos sem contrato, será de US$ 630, ou US$ 50 mais que o iPhone 5.
Meus testes usaram a rede da T-Mobile e ainda indicaram que esta estava operando no super-rápido padrão LTE, que a T-Mobile ainda está implantando, mas a velocidade média para download de dados nos subúrbios de Washington foi de apenas 6,96 megabits por segundo contra 20,81 mbps para um iPhone 5 operando com a LTE da Verizon. O Galaxy S 4 provavelmente seria mais rápido se usasse a Verizon no mesmo local.
Apesar de que muitos vão comparar o Galaxy S 4 com o iPhone 5, eu também o comparei com o HTC One, de US$ 200, que saiu em 19 de abril. O HTC tem um belo corpo de alumínio, mais resistente, dois alto-falantes estéreos, uma excelente câmera, melhor resolução de tela que a do novo Samsung e o dobro da memória básica, tudo isso pelo mesmo preço.
Se você é fã de novas funções, adora a Samsung ou deseja uma tela ainda maior, o Galaxy S 4 pode ser uma boa opção. É um aparelho bom, mas não excelente.
Do Valor Econômico