Por Gustavo Brigatto | De Berlim
Sem grandes novidades dos fabricantes de TVs – boa parte dos modelos e tecnologias exibidos já tinham sido mostrados na exposição CES, em Las Vegas, em janeiro – os PCs e tablets com sistema operacional Windows 8, da Microsoft, roubaram a cena na IFA 2012, feira do setor de tecnologia que ocorre até quinta-feira em Berlim, na Alemanha.
Novas máquinas – que começarão a chegar ao varejo em 26 de outubro, quando o sistema será lançado oficialmente – foram anunciadas por grandes fabricantes como Samsung, Lenovo, Dell, Sony, Asus, Acer e LG. A Hewlett-Packard (HP), líder do mercado mundial de computadores, não tem estande na feira, mas aproveitou um evento paralelo, o ShowStoppers, para mostrar três modelos. No estande da Intel, maior fabricante de chip do mundo e promotora do conceito dos ultrabooks, 60 modelos estavam em exibição. Os ultrabooks são máquinas finas e leves semelhantes ao MacBook Air, da Apple.
Com o anúncio dos fabricantes, ficou claro que a cara dos notebooks não será mais a mesma com a chegada do Windows 8. O formato tradicional, de tela com teclado e abertura no estilo de concha, começa a dar lugar a formas híbridas de tablets e PCs. É o caso do Vaio Duo 11, da Sony, no qual o teclado desliza por trás da tela de LCD sensível ao toque, de 11 polegadas. O Yoga, da Lenovo, também tem tela sensível ao toque, de 13 polegadas, que pode ser girada para trás do teclado, transformando o notebook em um tablet.
Ao adicionar esses recursos às máquinas, os fabricantes tentam manter vivo o interesse dos consumidores pelos PCs. As máquinas têm sofrido concorrência crescente dos smartphones e tablets. Apesar da aposta dos fabricantes no Windows 8, o sistema operacional provavelmente não fará muito pelas vendas de PCs até o fim do ano. A empresa de pesquisa IDC revisou para baixo suas estimativas para as vendas de PCs no mundo em 2012. A expectativa é que o mercado cresça apenas 0,9%, com a venda de 367 milhões de máquinas. No ano passado, o aumento do setor já tinha sido tímido: 1,7%.
O ritmo lento de expansão dos PCs está em linha com as expectativas gerais para o mercado de eletrônicos em 2012. A estimativa é que o setor tenha uma expansão de 2% no mundo, chegando a uma receita de US$ 1,1 trilhão. O quadro é reflexo da situação econômica difícil nos EUA e na Europa. Segundo a empresa de pesquisa GfK, nos seis maiores mercados da Europa Ocidental – França, Alemanha, Itália, Holanda, Espanha e Reino Unido – os gastos com eletrônicos foram 10% menores no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado.
O mercado de fotografia foi o mais afetado no período, com retração de 7% nas vendas. Mas o quadro negativo não é igual para todos os tipos de produtos. De acordo com a GfK, em segmentos específicos, como sistemas de som de alta qualidade, fones de ouvido e aparelhos de TV com conexão à internet ou Smart TVs, os sinais ainda são positivos.
Com telas cada vez maiores e qualidade de imagem surpreendente, as TVs ocupam grande parte dos estandes de fabricantes como a coreana Samsung e a chinesa TCL. LG, Sony e Toshiba apostaram na apresentação de produtos com telas gigantes, de 84 polegadas, e resoluções que podem chegar a quatro vezes a de um aparelho de alta definição disponível atualmente. Os preços também são de grandes proporções: US$ 22 mil (ou mais de R$ 40 mil).
Com qualidades de imagem tão altas, as TVs podem exibir conteúdo em 3D com mais propriedade, um recurso bem explorado pelas fabricantes. No estande da LG, o visitante recebe, logo na entrada, um par de óculos para assistir a conteúdo nesse formato, que é exibido em todos os aparelhos. Um dos vídeos mostra imagens do Carnaval do Rio de Janeiro.
Segundo os organizadores da IFA, a feira teve um aumento de 1,4% no espaço total de exposição, chegando a um recorde de 142 mil metros quadrados, com mais de 1,4 mil empresas mostrando seus produtos. Além de computadores, TVs e equipamentos de áudio, a feira reserva espaço para produtos de utilidade doméstica, como geladeiras, fogões, batedeiras e aspiradores de pó. Diferentemente da CES, a entrada é liberada ao público. O ingresso custa € 11.
O jornalista viajou a convite da Samsung
Valor Econômico
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