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Windows 8 está pronto, mas parece inacabado

Tecnologia

EMERSON KIMURA
DE SÃO PAULO

O Windows 8 está pronto, mas parece inacabado.

No dia 15, a Microsoft disponibilizou, na MSDN (Microsoft Developer Network, rede para desenvolvedores) e na TechNet (rede para profissionais de tecnologia da informação), a versão final do seu próximo sistema operacional.

Nos testes da Folha, porém, o Windows 8 apresentou uma experiência um tanto frustrante, passando a impressão de um produto inacabado.

A principal novidade do sistema é a nova interface, que usa o estilo Metro (codinome que, segundo a Microsoft, deve dar lugar a “nomes comerciais” ainda não divulgados). Ela chama a atenção principalmente pelos elementos grandes e espaçosos, amigáveis ao uso por toque.

A interface tradicional, semelhante à inaugurada com o Windows 95, continua presente, sob o nome de Área de Trabalho. Ela é bem parecida com a do Windows 7, mas apresenta leves ajustes –as transparências do Aero Glass, por exemplo, sumiram, e as janelas têm cantos com ângulos retos, em um estilo similar ao Metro.

As duas interfaces são ideais para diferentes situações. A nova, que a partir daqui chamarei apenas de Metro, é ótima em equipamentos com telas sensíveis ao toque, como tablets, enquanto a Área de Trabalho é melhor para teclado e mouse.

A união das duas interfaces em um único sistema resulta em um produto abrangente e versátil, que cobre a maioria dos usos de um computador –seja ele qual for. Está trabalhando em um desktop? Use a Área de Trabalho. Quer ler notícias e ouvir música em um tablet? Use o Metro.

O Windows 8 é a jogada da Microsoft para tentar se recuperar em um mercado que vê a ascensão dos tablets, entre os quais sua participação é ínfima, e a queda dos PCs, categoria dominada por ela. Ao desenvolver um sistema com duas interfaces tão distintas, a Microsoft demonstra apostar na convergência dos computadores tradicionais e dos tablets -seja no campo do hardware, com aparelhos híbridos, seja no do software, com aplicativos que funcionam em todas as plataformas.

É um comportamento diferente do adotado pela Apple e pelo Google, que têm investido em sistemas diferentes para cada categoria –OS X e iOS, Chrome OS e Android.
Se a aposta da Microsoft der certo, a empresa, que demorou tanto para entrar no mercado de tablets –dominado, aliás, por Apple e Google, com larga vantagem para a primeira– terá largado à frente dos concorrentes.

CONFLITO

O principal problema do Windows 8, porém, é justamente o conflito entre as duas interfaces. Elas funcionam bem quando você consegue utilizar só uma, isoladamente. Mas isso é muito difícil –frequentemente, uma invade o espaço da outra, demonstrando a inconsistência que permeia o sistema.

Caixas de notificação no estilo Metro, por exemplo, aparecem na Área de Trabalho avisando que um aplicativo foi instalado ou perguntando que ação tomar quando um dispositivo USB é conectado.

Alguns aplicativos e funcionalidades têm versões para o Metro e a Área de Trabalho e apresentam recursos diferentes entre elas, o que obriga o usuário a mudar de interface.

Às vezes, a troca é meio óbvia. Se você estiver usando o Internet Explorer no Metro, mas quiser acessar opções avançadas ou fazer uma navegação mais intensa, com milhões de abas e janelas e downloads e aplicativos baseados na web, terá que trocar pela versão da Área de Trabalho.

Mas há ocasiões em que isso não é tão intuitivo. As configurações do sistema, por exemplo, estão espalhadas entre as duas interfaces e apresentam opções diferentes em uma e em outra.

Solucionar esse conflito entre o Metro e a Área de Trabalho é primordial para tornar o Windows um sistema mais elegante e menos truncado. E sem a aparência de algo precipitadamente finalizado.

Com BRUNO ROMANI, colaboração para a Folha.

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