Logotipo NCC

Telas flexíveis finalmente começam a virar realidade

Tecnologia

Por Gustavo Brigatto | De Las Vegas (EUA)

O PaperTab, da Plastic Logic, parece uma folha de papel, mas é um tablet

Promessa de longa data dos fabricantes de produtos eletrônicos, as telas flexíveis parecem ter, finalmente, se tornado realidade. É o que mostram os vários anúncios de produtos feitos na Consumer Electronics Show (CES), que vai até amanhã, em Las Vegas. A maior parte dos produtos apresentados na exposição ainda está em fase de protótipo, mas uma decisão da Samsung, também anunciada na feira, mostrou que a tecnologia está pronta para o mercado. O grupo vai criar uma marca específica para vender os painéis flexíveis, chamada Youm Flexible.

Segundo Stephen Woo, presidente da unidade de componentes da Samsung, esse passo permitirá que parceiros criem diferentes tipos de aparelhos utilizando as telas da Samsung. A fabricante mostrou dois protótipos com telas flexíveis. O primeiro foi um smartphone com tela curva na lateral, que pode ser usada para acessar rapidamente mensagens recebidas. Outro modelo foi um telefone com tela totalmente flexível.

A japonesa Toshiba também mostrou protótipos na CES, enquanto Samsung e LG mostraram TVs com telas curvas. De acordo com a LG, esse tipo de aparelho permite maior ângulo de visão, o que facilita assistir a conteúdos, inclusive em 3D e sem óculos. A iniciante Plastic Logic apresentou o PaperTab, um tablet com tela de 10,7 polegadas que parece uma folha de papel, mas tem grande poder de processamento.

Telas flexíveis são uma promessa há anos, mas nunca se tornaram comercialmente viáveis por conta do alto custo e da baixa qualidade dos componentes. Na avaliação de Terence Ronson, da consultoria Pertlink, de Hong Kong, a tecnologia agora ganhou força por conta da estratégia de fabricantes como Samsung e LG de apostar em painéis com tecnologia Oled para seus equipamentos. Por ser mais flexível que os painéis LED usados atualmente, o Oled é a base para a fabricação de telas flexíveis.

Ao lado de apostas ambiciosas, novidades curiosas de companhias de pequeno porte animam a CES. É o caso dos talheres da francesa HapiLabs, que prometem ajudar ajuda quem está de dieta a comer na velocidade correta. Se o espaço entre as garfadas é rápido ou lento demais, os talheres emitem um sinal vibratório. O progresso pode ser acompanhado por meio de um software no PC.

A Parrot Systems mostrou um sistema para ajudar quem gosta de jardinagem. O sistema é composto por quatro sensores que são colocados próximos à planta e coletam dados como umidade e qualidade do solo, que podem ser visualizados em um smartphone. Além de avisar sobre as condições, o produto dá dicas do que deve ser feito para manter as plantas saudáveis.

A expectativa é que cerca de 3,3 mil empresas lancem 20 mil produtos na CES. Não há empresas brasileiras na lista da Consumer Electronics Association (CEA), organizadora da feira. A maior parte dos lançamentos virá de pequenas empresas como a Sendboo. A companhia de origem venezuelana, com sede em Miami, anunciou um aplicativo para a troca de mensagens de texto entre smartphones que traduz o texto automaticamente em 30 idiomas. A expectativa é ter uma versão para voz até o fim do ano. “Participar da CES é um investimento alto para uma empresa iniciante, mas estar aqui é uma forma de expor o produto de forma rápida”, disse Alfredo Reviati, presidente e sócio da companhia.

Cerca de 150 mil pessoas são esperadas na CES até amanhã, quando termina a feira. O número é semelhante ao recorde atingido no ano passado. De acordo com a CEA, o mercado mundial de eletrônicos vai crescer 4% em 2013, atingindo US$ 1,1 bilhão em vendas. Números preliminares indicam uma retração de 1% em 2012, provocada principalmente pelo crescimento mais lento de países emergentes como o Brasil.

O repórter viajou a convite da LG

 do Valor Econômico.

Leia também