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Surface fica dividido entre dois mundos

Tecnologia

Por Walter S. Mossberg | The Wall Street Journal

Segundo computador da Microsoft, o Surface Pro guarda semelhanças com o aparelho original, mas é o primeiro capaz de rodar o sistema Windows 8 completo

A Microsoft lançou o segundo computador pessoal de sua história. Assim como o primeiro, é um tablet com tela sensível ao toque de 10,6 polegadas, com algumas das funções de um computador portátil, como entradas USB e teclado. Ao contrário do primeiro, no entanto, este é capaz de rodar o sistema operacional Windows 8 completo, embora a um custo – em dinheiro, em tamanho e em duração da bateria.

Os dois aparelhos chamam-se Surface e, à primeira vista, parecem similares. Mas há grandes diferenças. O Surface original, lançado em outubro, usa uma versão limitada do Windows 8, chamada RT, e um tipo de processador comum em smartphones e tablets rivais. Como resultado, embora possa operar integralmente aplicativos e a interface inicial do Windows 8 destinada a tablets, só consegue rodar quatro programas do Windows para computadores – Word, Excel, PowerPoint e OneNote. Não é possível instalar outros softwares para PCs.

O novo Surface, chamado Surface Windows 8 Pro, é alimentado por um processador da Intel normalmente encontrado em computadores pessoais, e usa a versão mais avançada do Windows 8, a Pro. Portanto, pode rodar uma ampla série de programas para computadores pessoais. Isso significa que, teoricamente, é possível usar o novo tablet como um substituto completo para um laptop com Windows – caso você use uma das finas capas da Microsoft com teclado.

A Microsoft vê o Pro como um novo tipo de computador pessoal, um tipo de híbrido entre tablet e computador portátil, que poupa o usuário do trabalho de carregar dois aparelhos. As vendas nos Estados Unidos tiveram início no sábado.

O Surface Pro custa a partir de US$ 899 – são US$ 400 a mais que o modelo básico do novo iPad ou que o Surface RT, também básico. Para ser justo, o Surface Pro básico tem 64 gigabytes (GB) de espaço de armazenagem, quatro vezes mais que o iPad. Mas um iPad com os mesmos 64 GB sai por US$ 699. O modelo do Surface Pro com o dobro de espaço sai por US$ 999, enquanto um iPad com a mesma capacidade custa US$ 200 menos.

E não é apenas isso. A capa com teclado também é cobrada – US$ 130 pela que tem teclas móveis, o que eleva preço para mais de US$ 1 mil.

O Surface é alimentado por um chip da Intel para computador e roda uma ampla série de programas para PCs

Assim como o primeiro Surface, o Pro é de construção sólida, com o mesmo suporte inovador de metal que o mantém de pé, inclinado, em uma mesa. Rodou de forma satisfatória e com velocidade todos os programas que eu instalei – tanto novos como velhos. Consegui instalar e operar o Windows 7 completo e programas como o Microsoft Outlook; o Google Chrome; o iTunes, da Apple; o Adobe Reader e o TweetDeck, do Twitter.

A resolução da tela do Pro é muito maior que a do RT. Vem com uma caneta bastante útil, que não vinha no RT, que facilita navegar pela interface e permite tomar notas ou adicionar documentos. Também traz funções de segurança convenientes para o uso em empresas, que não estavam disponíveis no RT.

O Pro, no entanto, tem algumas desvantagens significativas, em especial, como tablet.

Gosto do Surface original e o vejo como um tablet com benefício adicional de rodar alguns programas do Microsoft Office. Não fiquei tão apaixonado pelo Surface Pro. É muito pesado, caro e consome muita energia para poder dizer que supera o tablet líder, o iPad, da Apple. Também é incômodo para usar no colo. Está no meio do caminho – não é um tablet completo nem um laptop completo.

O Pro pesa pouco mais de 900 gramas, o que é leve para um computador portátil, mas é quase uma bigorna para um tablet. É quase 40% mais pesado que o mais pesado dos iPads e mais de 40% mais espesso. Achei que o tamanho tornou o Surface Pro ainda mais desajeitado que o RT para usar no colo com a capa de teclado, mesmo com o suporte, que funciona melhor apoiado em uma mesa que nos joelhos.

Em meus rigorosos testes de bateria – em que coloco a tela com 75% de brilho, desativo funções de economia de energia, deixo o Wi-Fi ligado e rodo vídeos armazenados até a máquina morrer -, o Surface Pro se comportou de maneira patética. Durou pouco menos de quatro horas entre cada carga, menos da metade do vigor do iPad no mesmo teste e três horas a menos que o Surface RT. Com uso normal, seria possível aumentar para 5,5 horas, ainda pouco para um tablet.

 Da mesma forma que no modelo RT, o Windows 8 exige uma grande parte do espaço disponível. Dos 64 GB de espaço do modelo básico de US$ 899, apenas 30 GB estão livres para o usuário, segundo a Microsoft. No modelo de US$ 999, 90 GB dos 128 GB estão livres. A Microsoft destaca que é possível agregar mais espaço com a entrada para memória flash.

E, ao contrário do RT, o Pro não sai da caixa com o Microsoft Office. É preciso pagar mais, assim como na maioria dos laptops. Diferentemente do iPad e de alguns tablets com sistema Android, nenhum dos dois Surfaces vêm com conectividade integrada sem fio, embora aceitem modem sem fio. Assim como os tablets concorrentes, pode ser conectado sem fio a um telefone celular ou modem sem fio.

Quando usado em uma mesa ou na bandeja do assento de um avião, com o suporte deixando o monitor de pé e a capa com teclas móveis, o Pro é útil como laptop, em especial porque é possível usar programas completos para computador pessoal, ao contrário do que ocorre com o iPad ou tablets Android.

Mas, da mesma forma que o Pro é incompleto como tablet, também é incompleto como computador portátil. Tem menos portas e menos espaço de armazenagem do que vários laptops e um teclado inferior ao de vários laptops.

Alguns usuários podem não se importar com o preço ou o tamanho do Surface Pro, já que o aparelho pode poupá-los de ter de carregar um tablet para determinados usos e um computador portátil para outros. Mas, assim como muitos produtos que tentam ser duas coisas ao mesmo tempo, o novo Surface Windows 8 Pro não se sai tão bem quanto os aparelhos projetados para ser só uma coisa ou outra.

Do Valor Econômico

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