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IGF 2022: Evitando a Fragmentação da Internet

IGF 2022

Por Nivaldo Cleto*

Na quarta-feira (30/11), durante o Fórum de Governança da Internet (IGF), em Addis Abeba, Etiópia, destacamos a sessão “ICANN Reducing inequality by enabling inclusive and resilient internet through global partnerships for sustainable development”. Como ativos participantes do grupo de negócios da ICANN (BC)[i], acompanhamos atentamente esse painel composto pelo CEO Göran Marby, mais 3 membros do Conselho Diretor da ICANN, Avri Doria, Edmon Chung, e Maarten Botterman.

Foi destacado pelo CEO que por a Internet ter começado nos Estados Unidos, existiu por muito tempo uma grande limitação relacionada à necessidade do uso da língua inglesa, mas que para os próximos 1 bilhão de usuários possam integrar a rede de maneira adequada, se faz necessário que todos os alfabetos sejam suportados. Isso é garantido por projetos dos quais somos fortes apoiadores, como o do Universal Acceptance Steering Group (UASG)[ii], que faz as pesquisas e desenvolvimento necessário para que isso seja feito. Os diretores Avri Doria e Maarten Botterman reforçaram o quanto isso está se tornando algo prioritário para a organização como um todo.

A partir da esq., Göran Marby, CEO da ICANN; Avri Doria, pesquisadora e integrante da Diretoria da ICANN e Maarten Botterman, ex Chair da ICANN

O diretor Edmon Chung é um dos grandes pioneiros dos domínios em alfabetos diversos, e clarificou como os próximos usuários precisarão disso. Ele delineou uma linha do tempo dessas questões. Demoraram 10 anos trabalhando nos princípios tecnológicos que habilitam o uso desses alfabetos e os introduzindo em organismos técnicos como o IETF[iii]. Os próximos 10 anos foram utilizados transformando as políticas e lógicas da ICANN para que a aplicação fosse própria.

Estamos agora em um momento no qual precisamos encontrar os atores que vão nos ajudar a fazer a implementação e propagação dessas tecnologias. Edmon enfatizou a importância de buscar a compreensão do problema por parte dos governos para que sejam incorporados nos requerimentos nos contratos governamentais e procurações. O grupo dos acadêmicos também foi mencionado como uma força necessária.

Marteen complementou que a comunidade técnica possui uma grande importância em testar e implementar essas tecnologias dentro de seus próprios sistemas. Avri lembrou que em breve estará em discussão a implementação de novos domínios de topo, e que esses não serão apenas latinos, mas idealmente incorporando as diferentes línguas do mundo e criando novas oportunidades no espaço do DNS[iv].

O Conselheiro do GNSO[v] Mark Datysgeld trouxe a pergunta de como a ICANN poderia ajudar a comunidade do UASG a alcançar atores tamanho grande como corporações e governos. Os diretores mostraram grande interesse na questão dos governos e seus contratos, mas adicionaram também que existe essa insuficiência de capacidade em alcançar as empresas, e que esse é o próximo grande passo desse projeto.

Foi trazida pela comunidade uma questão relativa aos fundos da ICANN e qual a capacidade da organização de expandir seus esforços. Gorän respondeu que como uma organização sem fins lucrativos, eles “tem o dinheiro que tem”, mas ainda assim existe um valor de 160 milhões de dólares por ano entrando na organização e eles possuem um fundo de reserva significativo, que os permite pensar em projetos futuros.

Foi comentado que existe de fato uma intenção de começar a alcançar pessoas que ainda não estão inclusas de modo real na Internet. Essa é uma preocupação até pelo aspecto de manter a coesão e integridade da rede, algo que alimenta o tema maior de impedir a fragmentação da Internet que está integrado no tema maior do evento do IGF desse ano. É um jeito de manter a Internet coesa.

Conversamos com Túlio Andrade, do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, que participou do painel de Fragmentação.

 

Diplomata Jandyr Ferreira dos Santos, Embaixador do Brasil na Etiópia. Ele ocupa o cargo cumulativamente com as representações do Brasil na República do Djibouti e na República do Sudão do Sul. Jandyr foi muito ativo junto à ICANN alguns anos atrás (no processo de transição IANA, por exemplo) e teve forte interação e colaboração com o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).

 

(*) Nivaldo Cleto é empresário de contabilidade e de certificação digital, conselheiro do Comitê Gestor da Internet no Brasil CGI.br e membro da ICANN Business Constituency – BC

 

[i] A ICANN é uma corporação de utilidade pública sem fins lucrativos com participantes de todo o mundo dedicados a manter a Internet segura, estável e interoperável. Ela promove a concorrência e desenvolve políticas sobre identificadores exclusivos da Internet.
[ii] O Grupo Diretor de Aceitação Universal (UASG) foi fundado em 2015. É uma iniciativa liderada por voluntários com a tarefa de realizar atividades que efetivamente promovam a Aceitação Universal (UA) por meio de seus múltiplos grupos de trabalho, iniciativas locais e Embaixadores da UA. O grupo é formado por mais de 500 pessoas que representam várias organizações, empresas e a comunidade da ICANN .
[iii] Internet Engineering Task Force (IETF) é um grupo internacional aberto, composto de técnicos, agências, fabricantes, fornecedores e pesquisadores, que se ocupa do desenvolvimento e promoção de standards para Internet, em estreita cooperação com o World Wide Web Consortium e ISO/IEC, em particular TCP/IP e o conjunto de protocolos Internet.
[iv] O Sistema de Nomes de Domínio,[1][2][3] mais conhecido pela nomenclatura em Inglês Domain Name System (DNS), é um sistema hierárquico e distribuído de gestão de nomes para computadores, serviços ou qualquer máquina conectada à Internet ou a uma rede privada.
[v] The Generic Names Supporting Organization (GNSO) é um órgão de desenvolvimento de políticas responsável por desenvolver e recomendar à Diretoria da ICANN políticas substantivas relacionadas a domínios genéricos de primeiro nível (gTLDs).

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