Portal de Documentos facilita guarda de documentos, além de recuperação de bens financiados inadimplentes
LéaDe Luca
lluca@brasileconomico.com.br
Encurtar prazos e economizar custos em processos de registro e na recuperação de imóveis e carros financiados. Este é o principal negócio hoje do site Portal de Documentos, que tem como sócio o fundo One Equity Partners, do banco de investimentos JPMorgan. Com cinco anos de vida, a empresa de “inteligência cartorária” já fatura cerca de R$ 40 milhões por ano, segundo seu diretor, Marcos Caielli. “Recebemos de 1,4 mil a 1,5 mil processos por mês, um crescimento de 20% ao mês”, diz.
Criado por João Bosco Ardisson, que foi dono de um cartório tradicional, o Portal de Documentos faz registro eletrônico de carros financiados. “Hoje praticamente todos os bancos que financiam veículos são nossos clientes”, diz Caielli, que durante 15 anos trabalhou nessa área no Itaú. Segundo o executivo, o Portal tem de 60% a 70% deste mercado. “Fazemos a notificação de cobrança e o ‘kit de ajuizamento’; deixamos tudo pronto para o advogado dar entrada na retomada, busca e apreensão do automóvel” explica.
“Nos grandes bancos, livros contábeis de até 2,5 mil páginas precisam ser impressos em duas vias e armazenado, gastando papel e espaço. O processo eletrônico elimina tudo isso”
MarcosCaielli
Diretor do Portal de Documentos
Apesar de líder no serviço de registro de veículos, como o mercado está em baixa há dois anos pela redução das vendas, o Portal decidiu se voltar a uma área que está crescendo mais, a de financiamentos de imóveis. Há seis meses, lançou um produto que chama de “consolidação imobiliária”—que significa percorrer todos os passos legalmente necessários para um banco conseguir retomar o imóvel financiado de um cliente inadimplente, e levá-lo a leilão para recuperar o dinheiro. “Em seis meses atingimos o volume de negócios esperado para um ano e meio”, explica. O executivo lembra que, embora a inadimplência dos financiamentos imobiliários não esteja crescendo, o volume financiado está, a 40% ao ano. Por isso, a demanda dos bancos é crescente.
Caielli diz que a centralização (ou consolidação) de todo processo no Portal reduz o prazo de retomada de uma média de nove a 12 meses para 90 a 120 dias. O primeiro produto do Portal foi a emissão de notificações eletrônicas de protestos. “Quando começamos a operar com registros eletrônicos, o leque de oportunidades se abriu. Hoje também digitalizamos livros contábeis dos bancos e contratos de fundos de investimentos. Nos grandes bancos, esses livros precisam ser registrados mensalmente e tem de 1 mil a 2,5 mil páginas; tem que ser impresso em duas vias, assinado por vários diretores, encadernado em capa dura e armazenado, gastando tempo, papel e ocupando espaço. O processo eletrônico elimina tudo isso”, diz.
Além disso, o Portal está rodando o projeto piloto de um novo produto, criado para agilizar o registro de imóveis. Segundo Caielli, a digitalização de documentos e a realização dos trâmites de notificação, busca e apreensão pode reduzirde45dias para 5 dias o prazo total do processo. “A vantagem é que os clientes, sejam pessoas físicas ou incorporadoras imobiliárias, não precisam esperar tanto pela liberação dos financiamentos”, explica Caielli.
O Portal faz a gestão de documentos digitais com valor jurídico e toda a autenticação eletrônica é realizada pela internet, por meio de uma plataforma tecnológica que integra bancos, financeiras, consórcios, assessorias de cobrança, empresas de custódia de documentos, cartórios, judiciário, incorporadoras, imobiliárias e varejo. Foi o primeiro investimento do fundo de private equity One Equity Partners do JPMorgan no Brasil, que colocou cerca de US$ 150 milhões em 2011 para ser dono da metade do negócio. Mas o Portal não está sozinho no mercado: entre os concorrentes, está a carioca Megadata, do Ibope; a Documentall, de Brasília; e a paulistana Nacional Docs. Caielli diz que está preparado para a concorrência. “O grande desafio desse negócio é ter presença nacional e nisso estamos na frente, pois já temos uma rede de duas mil comarcas no Brasil”, diz.
Do Brasil Econômico