Por Nivaldo Cleto (*)
Abuso no DNS
No segundo dia da ICANN de Montreal, os membros da Business Constituency (BC) se prepararam para realizar uma série de engajamentos com outros membros da comunidade ICANN ao longo da semana, e certas decisões estratégicas foram tomadas a respeito de quais são as prioridades do grupo.
Algo que rapidamente se tornou uma grande prioridade para todo o grupo comercial é a questão do Abuso no DNS, tema que trata das diversas práticas maliciosas que tomam proveito do DNS de alguma forma, como spam e o roubo de credenciais (phishing).
Recentemente, um documento liderado pela Public Interest Registry (administradora do domínio “.org”) gerou atenção na comunidade por trazer definições formais sobre o que seria Abuso no DNS e qual é a forma de reagir a ele. Um ponto importante trazido nesse documento foi o de que a tirada do ar de um domínio é uma atitude drástica que deve raramente ser utilizada, mas que existem 4 categorias inaceitáveis que tem de ser removidas pelo operador:
- Abuso sexual infantil
- Distribuição ilegal de opioides
- Tráfico humano
- Incitação à violência direcionada e crível
A comunidade comercial da ICANN está interessada em engajar mais profundamente em um debate com os operadores de domínios e tratar da questão de um modo conjunto, tarefa essa que será realizada essa semana e ao longo dos próximos meses.
Veja entrevista com Demi Getschko
Outras preocupações
Alguns outros temas tomam nossa atenção, certamente, como a continuidade de uma demanda pela definição de um modelo de acesso para os dados de registrantes de nomes de domínios, que previamente era conhecido como WHOIS. É esperado pela BC que a ICANN assuma o máximo de responsabilidade necessário para que o modelo seja viável para os operadores de domínios.
Atualmente, sem um modelo fixo definido, a consulta é facilitada para certos agentes governamentais ligados a lei (LEAs), mas para atores privados é mais difícil, pois demora para se ter respostas. Existem inclusive questões sérias de brechas de dados que estão sendo atrapalhadas por uma falta de acesso ao banco de dados.
Outro tema de relevância é o do “interesse global” da ICANN, que a BC definiu recentemente de modo resumido como sendo a capacidade da organização de oferecer “disponibilidade e integridade de resoluções no DNS”. A organização não quer que o regimento interno seja alterado para incluir uma nomenclatura, mas é do nosso interesse que seja feita uma definição formal.
Universal Acceptance: iniciativas locais
As iniciativas locais são um movimento do Universal Acceptance visando que se alcance de fato todos os participantes e interessados nos temas de domínios novos e internacionais. A região LAC foi uma que apesar de não fazer parte da ambição inicial do grupo, acabou por se incluir por próprio interesse e tem ganhado projeção no último ano.
Recebemos nesse dia uma atualização das diferentes iniciativas regionais, e percebemos que no geral os problemas de adoção são muito parecidos em todas as regiões do mundo: falta entendimento do que são UA e IDNs, a adoção dos padrões de Unicode é inconsistente, demanda de usabilidade em línguas locais aumentou enquanto o suprimento segue baixo.
O Leste Europeu, partes da África, a China e o Oriente Médio estão em movimentação para se tornarem Iniciativas Locais formalizadas, tal qual o grupo LAC. Todos estão trabalhando em ritmo acelerado para montar times e estabelecer prioridades relevantes para suas regiões.
O subgrupo de Comunicações também notificou que a prioridade de engajamento está acertada como sendo: desenvolvedores, administradores de e-mails e governos. Veremos em breve as consequências desse foco renovado.
(*) Nivaldo Cleto é Conselheiro do Comitê Gestor da Internet CGI.br, membro da ICANN Business Constituency
1 Comment
::Nivaldo Cleto::
8 de novembro de 2019 at 6:19 am[…] mencionamos no diário anterior, uma questão central trazida nesse documento foi o de que a tirada do ar de um domínio é uma […]