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ICANN 69 – Parte 1

ICANN 69

Por Nivaldo Cleto*

A ICANN 69, que deveria ter sido sediada na cidade de Hamburgo, está ocorrendo de modo virtual durante a maior parte do mês de outubro, em blocos de dias com carga horária reduzida. Para nós da América Latina é a segunda reunião em sequência com fuso horário desfavorável. A ICANN 68 ocorreu no horário da Malásia, invertido em relação ao nosso, e durante a edição atual muitas reuniões tem começado às 4 da manhã. De qualquer maneira, seguimos comprometidos a trazer informações de relevância para a comunidade empresarial.

TLDs de uso privado

Um tema que está aparecendo com certo destaque durante esta reunião é referente ao conteúdo do documento “SAC113: SSAC Advisory on Private-Use TLDs”, que descreve os impactos do uso de TLDs (Lista de domínios da Internet de nível superior)  privados no DNS (Domain Name System, ou sistema de nomes de domínios). Esses TLDs não são nada mais do que sufixos de nomes de domínio que não são oficialmente parte da raiz do DNS, sendo diferentes de um sufixo como o “.br”, que é acessível por toda a Internet. Pelo contrário, os TLDs privados servem a um proposito limitado de comunicação por parte de empresas específicas.

Para exemplificar melhor, podemos citar que essa técnica é utilizada por empresas como Belkin, Consul, DLink, entre outras, para fazer a transmissão de dados entre seus próprios equipamentos instalados na casa de um usuário. Sua geladeira pode, por exemplo, estar usando o sufixo “.consul” para se comunicar internamente, mesmo esse não sendo um nome aprovado para uso pela comunidade da ICANN.

Isso não necessariamente seria um problema se essas comunicações permanecessem locais, mas tem ocorrido de diversos desses requerimentos de comunicação chegarem aos servidores raiz do DNS, causando um tráfego desnecessário e que, mais ainda, pode dificultar com que no futuro esses sufixos privados sejam utilizados na Internet geral, pois já haveria um precedente de uso estabelecido.

O DNS não possui provisões para lidar corretamente com esse tipo de requerimento e a recomendação oficial relativa a isso é de que os diversos fabricantes de eletrônicos façam uso de nomes dos quais já são donos para fazer mesmo essas comunicações internas. Seria o caso do uso de algo como “intranet.empresa.com.br”. Isso manteria a consistência da identidade da empresa mesmo no caso de o tráfego acabar chegando ao DNS.

Um gráfico muito relevante trazido pelo documento demonstra o volume de requerimentos atrelados a TLDs de uso privado que chega a um dos servidores raiz (Servidor L) da Internet por segundo ao longo de um único dia:

Tabela

Temos um sufixo como o “.lan”, utilizado pelo OpenWrt, um sistema operacional baseado em Linux utilizado em equipamentos, que faz 165 milhões de requerimentos desnecessários por dia, o que além de causar uma carga desnecessária nos servidores, também abre caminho para certos tipos de problemas de segurança.

A recomendação do grupo de segurança da ICANN é de que seja estabelecido um único TLD privado para uso geral, que concentre esse tipo de requerimento de maneira única e, portanto, foque os potenciais problemas em um caminho apenas. Isso dependeria de um alinhamento com a indústria em geral, e ainda precisa ser discutido com o Conselho Diretor da ICANN para que uma decisão seja tomada em cima da recomendação. Caso sinalizem que esse é o caminho, nós da Business Constituency (BC) sempre agiremos em favor de tornar a questão o mais simples possível para o empresariado.

*Nivaldo Cleto é membro da ICANN Business Constituency e Conselheiro Eleito do Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGIbr

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