Logotipo NCC

Como melhorar o som da TV sem complicação

Tecnologia

Por Gustavo Brigatto e João Luiz Rosa | De São Paulo

Para manter o consumidor sentado à frente da televisão – e combater o avanço de tablets, smartphones e videogames na disputa pela atenção do espectador – os fabricantes de eletroeletrônicos tornaram-se quase obsessivos na busca pela imagem perfeita. A alta definição ou HD, o 3D e o a super-resolução proporcionada pelo 4K são exemplos das tecnologias desenvolvidas para fascinar os olhos. Nessa corrida, entretanto, parece que as empresas esqueceram outro sentido: a audição.

As novas tecnologias aperfeiçoaram tanto a imagem que os aficionados por filmes de guerra conseguem ver os grãos de poeira que se levantam dos soldados nas trincheiras. O som do canhão inimigo, no entanto, parece uma bombinha de São João. Mais que um descompasso, houve um retrocesso. As antigas TVs de tubo, que hoje parecem peças de museu, costumavam ter potência de áudio entre 10 e 60 watts. Um modelo de 34 polegadas, por exemplo, tinha em média 40 watts de potência. Hoje, uma TV de tela fina com tecnologia LED de 32 polegadas tem metade dessa capacidade.

Para compensar a perda e reproduzir em casa uma experiência mais próxima à do cinema, muitos consumidores passaram a adquirir home theaters – conjuntos de caixas acústicas capazes de criar a sensação de imersão sonora. O problema é que a maioria desses aparelhos requer uma dose razoável de trabalho para ser instalados. Em muitos casos, é necessário contratar técnicos para domar o emaranhado de fios e fazer o sistema funcionar.

Uma saída para não se conformar com o áudio fraco das TVs, nem ter de quebrar a parede para acomodar o home theater é optar pelas barras de som, ou “sound bars”. Como o nome diz, são aparelhos retangulares e finos, que lembram barras horizontais. Afixados na parede ou colocados em um suporte, sempre aparecem embaixo do aparelho de TV.

As barras de som mais sofisticadas, ou 5.1, simulam o efeito “surround”. É a sensação que se tem no cinema quando um carro passa em alta velocidade e você ouve o som se movendo de uma direção para outra. Os home theaters também fazem isso, devido à disposição das caixas na sala – três delas são colocadas à frente do sofá, próximo à TV. É onde também fica o subwoofer, uma caixa dedicada especificamente aos sons graves. Outras duas caixas são colocadas atrás do espectador. As barras de som são mais simples e geralmente compostas de duas partes – a própria barra, que tem alto-falantes internos, e o subwoofer. O efeito “surround” é simulado por esses alto-falantes, sem a necessidade de espalhar dispositivos pela casa.

O modelo YSP 2500, por exemplo, usa uma tecnologia batizada de IntelliBeam. O aparelho da japonesa Yamaha tem um microfone que capta o som do ambiente e calcula sua distribuição de acordo com as configurações da sala. Dessa maneira, consegue saber para qual parede deve enviar um determinado som, de forma a provocar o efeito desejado.

Os modelos de barra menos sofisticados, ou 2.1, também são compostos de duas partes – a principal e o subwoofer -, mas não conseguem reproduzir o efeito surround. No caso, só melhoram o som que vem da TV.

Potência é uma questão a considerar na hora de fazer a compra. A capacidade de uma barra de som costuma ficar em torno de 40 a 200 watts. É bem menos que um home theater, cuja potência pode passar de mil watts. Essa desvantagem técnica, porém, pode vir a calhar dependendo do tamanho da sala onde a barra vai funcionar. Com o barateamento das TVs, muitos consumidores caíram na tentação de comprar o maior aparelho que cabia no orçamento. O resultado é parecido com o de quem senta na primeira fila do cinema e se vê engolido pela tela. No caso do som, a recomendação também é evitar os excessos. As barras são especialmente recomendadas para quem mora em pequenos estúdios ou apartamentos de até 60 metros – um tamanho cada vez mais comum nas grandes cidades. Mesmo quem vive em lugares maiores deve prestar atenção ao tamanho da sala de TV. Do contrário, corre o risco de ver o som invadindo os demais cômodos e, eventualmente, a casa do vizinho. É o suficiente para iniciar uma briga de condomínio.

É importante lembrar que as barras de som não funcionam como aparelhos que reproduzem vídeo. Ou seja, não tem DVDs ou Blu-ray acoplados, como ocorre em muitos home theaters. Também não é possível plugar um pen drive nos aparelhos para assistir a um vídeo tirado da internet, por exemplo. A função é essencialmente melhorar o som.

Os fabricantes, no entanto, têm investido para ampliar os recursos dos equipamentos. O modelo Lifestyle 135 Series III, da americana Bose, é capaz de acessar serviços de música e rádios on-line como Spotify e Deezer.

As barras são “agnósticas”. O equipamento de uma marca funciona com a televisão de outra. Isso ajuda na hora de trocar um equipamento antiquado ou que começou a apresentar defeito. Dá para substituir um aparelho sem se preocupar em trocar o outro também. Mas comprar aparelhos da mesma marca pode garantir vantagens. As coreanas Samsung e LG, por exemplo, permitem que suas barras de som sejam conectadas totalmente sem fio a alguns de seus aparelhos de TV.

Investir em som de qualidade não é barato. Os modelos de boas marcas disponíveis no Brasil variam entre R$ 899 e R$ 2 mil. Nessa faixa de preço, dá para facilmente comprar TVs de LED entre 32 e 42 polegadas. No exterior, são encontradas barras por preços ainda mais altos. O modelo da Bose custa US$ 2,6 mil. A boa notícia é que no mundo da tecnologia os preços costumam baixar rapidamente, à medida que aumenta a demanda. Sempre há produtos novos para ocupar a faixa mais alta da tabela, mas os produtos básicos tornam-se bem acessíveis.

Os fabricantes também investem permanentemente para criar produtos que se adaptem a diferentes necessidades e perfis de uso. A Woox Innovations, empresa que detém os direitos da marca Philips para áudio, criou o Epitome Fidelio E5. É uma espécie de híbrido entre home theater e barra de som. São duas caixas acústicas e um subwoofer que se ligam por fio à TV. A novidade é que outras duas caixas podem ser destacadas das primeiras – e colocadas em qualquer parte do ambiente sem fios. A Woox batizou essa configuração de “surround” sob demanda. A expectativa é que o produto chegue ao Brasil neste mês, mas o preço ainda não foi definido.

Ao que tudo indica, as próprias TVs vão incorporar um áudio de qualidade no futuro. A tecnologia 8K – com imagem 16 vezes superior à do padrão Full HD – virá preparada para reproduzir sons com 22.1 canais. É quatro vezes mais que o som das melhores TVs de hoje.

 Do Valor Econômico

Leia também