Logotipo NCC

WSIS+20 na ONU: por que essa reunião importa para a Internet

Notícias WSIS+20

Por Nivaldo Cleto

Estamos na ONU participando do WSIS+20, que é a revisão de 20 anos da Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação. O WSIS+20 é um grande encontro internacional, realizado no âmbito das Nações Unidas, que faz uma “revisão de 20 anos” do que o mundo combinou lá atrás sobre como a Internet e as tecnologias digitais deveriam contribuir para o desenvolvimento das pessoas e dos países.

Em outras palavras: é um momento em que governos, empresas, comunidade técnica, academia e sociedade civil sentam à mesa para avaliar o que avançou e o que ainda falta para termos uma transformação digital mais justa, segura e acessível.

Por que isso é importante para você (mesmo que não trabalhe com tecnologia)

Porque a Internet deixou de ser apenas “um meio de comunicação”. Hoje ela é infraestrutura essencial, como energia e transporte. É por onde passam:
• serviços públicos e atendimento ao cidadão
• pagamentos e economia digital
• educação e trabalho
• informação, debate público e participação social
• segurança e proteção contra fraudes e golpes

Quando a Internet funciona bem, todo mundo ganha. Quando funciona mal — com insegurança, desinformação, exclusão e falhas — a sociedade inteira paga a conta.

Principais temas que estão no centro do WSIS+20

Durante o WSIS+20, os debates costumam girar em torno de temas bem concretos, como:
1) Inclusão digital
Ainda há muita gente sem acesso ou com acesso de baixa qualidade. E, mesmo com conexão, há barreiras de custo, letramento digital e acessibilidade.

2) Segurança e confiança
A Internet só se sustenta se as pessoas confiarem: golpes, fraudes, ataques, vazamentos e spam corroem essa confiança. A agenda global busca medidas práticas para elevar a segurança sem restringir direitos.

3) Governança e regras do jogo
Quem define padrões? Como se decidem políticas públicas? Como reduzir conflitos e evitar fragmentação (cada país ou empresa criando “sua própria Internet”)? A governança importa porque ela determina estabilidade, previsibilidade e cooperação internacional.

4) Infraestruturas Públicas Digitais (DPI)
Um tema cada vez mais presente é a chamada “Infraestrutura Pública Digital”: sistemas digitais que ajudam países a oferecer serviços com eficiência (por exemplo, identidade digital, pagamentos, dados para políticas públicas). A discussão é como fazer isso com transparência, segurança e interoperabilidade.

5) Padrões abertos e interoperabilidade
Parece técnico, mas é simples: padrões abertos são como “tomadas universais”. Eles permitem que diferentes sistemas se conectem, sem depender de um único fornecedor. Isso evita travamentos, reduz custos e aumenta a competição e a inovação.

O que o WSIS+20 pode mudar na prática
Essas reuniões não são “só conversa”. Elas geram orientações e compromissos que influenciam:

• políticas públicas nacionais
• regras de cooperação internacional
• prioridades de financiamento e capacitação
• padrões técnicos e boas práticas
• debates sobre direitos, segurança e desenvolvimento

O impacto pode aparecer mais adiante em regulações, programas públicos, investimentos, exigências de segurança e incentivos à interoperabilidade.
Por que o setor empresarial deve prestar atenção
Para o setor empresarial e para quem depende da Internet para operar e inovar, o WSIS+20 é relevante porque discute diretamente:
• ambiente de negócios e previsibilidade regulatória
• segurança cibernética e redução de risco
• interoperabilidade (evitar “ilhas” tecnológicas)
• confiança do consumidor e reputação digital
• competição saudável e redução de dependência de fornecedores únicos

As decisões e consensos construídos aqui ajudam a definir se o ecossistema digital será mais aberto, seguro e competitivo — ou mais fragmentado e incerto.

O Brasil tem uma referência reconhecida internacionalmente: o modelo multissetorial do CGI.br, que reúne diferentes setores para dialogar e construir consensos sobre temas da Internet. Essa experiência é valiosa justamente porque mostra como princípios podem virar prática: cooperação, equilíbrio de interesses e soluções concretas.

(*) Nivaldo Cleto é empresário de contabilidade e de certificação digital, conselheiro do Comitê Gestor da Internet no Brasil CGI.br e membro da ICANN Business Constituency – BC

Leia também