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Linguagem de TI nas corporações

Artigos
Por Nivaldo Cleto
Revista Fenacon em Serviços 94 – outubro 2003

Quantas vezes numa reunião com clientes ou a direção de empresas nos deparamos com uma linguagem diferente do nosso dia-a-dia? É o ‘incorporês’

Profissionais da área de tecnologia da informação inseriram o ‘incorporês’ na linguagem, como se todo o mundo soubesse o significado das siglas e terminologias. Digo isso pela experiência acadêmica que atualmente atravesso. Durante as aulas do meu curso de MBA em Tecnologia da Informação na Faculdade Senac, notei que meus mestres e colegas de turma usam uma profusão de siglas e terminologias para falar de informática e gestão de negócios.

Acredito que, nós, dirigentes de empresas e formadores de opinião, devemos incorporar tais terminologias técnicas e gerenciais ao nosso vocabulário para uma melhor compreensão do moderno mundo empresarial. Farei um resumo do significado de alguns termos e siglas que permeiam discussões, decisões e negócios no universo corporativo.

ASP (Application Service Provider) – Gera e disponibiliza, para múltiplos usuários, aplicativos e serviços técnicos, a partir de um servidor remoto, através da Internet ou de linhas dedicadas. Estas aplicações são fornecidas com base num contrato de aluguel. Este modelo acelera a implementação e minimiza os custos e riscos envolvidos durante o ciclo de vida das aplicações.

CRM (Customer Relationship Management) – Tais sistemas são a junção de várias tecnologias, todas com o objetivo de conhecer o cliente, atendê-lo melhor, fazê-lo comprar mais e retê-lo. Um cliente de bem com a empresa, além de adquirir mais produtos e serviços, faz a indicação para outras pessoas. Nessa tarefa, são usadas engenhosas ferramentas informatizadas, call center e a integração com sistemas legados, além de sistemas de suporte à decisão.

Data warehouse (armazém de dados) – Banco de dados organizado para dar suporte à tomada de decisões estratégicas na gestão da empresa. Enquanto o data warehouse usa dados de toda a corporação, os chamados data marts têm objetivo idêntico, mas em geral enfocam apenas um assunto ou departamento.

Data mining (mineração de dados) – O uso de ferramentas automatizadas para extrair dados de um data warehouse com o objetivo de analisar modelos, tendências e relações. Processo que encontra relações e modelos dentro de um grande volume de dados armazenados em um banco de dados. Ferramentas baseadas em algoritmos esquadrinham volumes de dados para encontrar relações que tragam valor ao negócio como, por exemplo, quantidade de venda de determinado produto por funcionário ou por metro quadrado de loja.

Business Intelligence (Inteligência do Negócio) – É um processo de coleta, transformação, análise e distribuição de dados para melhorar a decisão dos negócios. Sua infra-estrutura tecnológica é composta de data warehouses, complexas ferramentas de aplicação on-line, sistemas de informações gerenciais, data mining, e software de visualização dos dados. Os bancos de dados são a infra-estrutura básica de qualquer sistema de business intelligence. São neles que vão estar armazenados os dados que serão transformados em informações competitivas.

Decision Support Systems (Sistemas de suporte às decisões) – Sistemas que apoiam, mas não substituem, gerentes em suas atividades de tomar decisões. Esses sistemas envolvem atividades as quais tentam proporcionar ao profissional a ‘melhor’ decisão. São sistemas interativos, sob controle parcial do usuário, os quais oferecem dados e modelos para o suporte à discussão e à solução de problemas semi-estruturados.

E-Commerce (Comércio eletrônico) – Forma de realizar negócios entre empresa e consumidor (B2C) ou entre empresas (B2B), usando a Internet como plataforma de troca de informações, encomenda e realização das transações financeiras.

E-business (Negócio eletrônico) – Trata-se de um enfoque seguro, flexível e integrado de entrega de valor de negócio, diferenciado pela combinação de sistemas e processos, que executam operações do foco principal dos negócios, com a simplicidade e o alcance que a tecnologia da Internet tornaram possíveis. Aqui, entrega de valor não necessariamente envolve transações financeiras.

EDI (Electronic Data Interchange) – Intercâmbio eletrônico de dados – É um sistema de transferência de dados entre companhias diferentes, usando redes, como a própria Internet. Na medida em que mais e mais companhias se conectam à web, a EDI está se tornando um importante mecanismo para facilitar as compras, vendas e troca de informações entre as empresas.

MIS (Management Information Systems) – Sistemas de Informações Gerenciais – A Tecnologia da Informação (TI) tem possibilitado a geração, a distribuição e a manipulação de informações em todos os níveis da organização, ou seja, do nível operacional à alta administração. O MIS é aplicado para saber se estas informações e o seu uso estão contribuindo com a eficiência organizacional. É um sistema que permite, entre outras coisas, saber se tais informações têm impacto positivo na melhoria dos processos e atividades da organização, principalmente no processo de tomada de decisão.

SCM (Supply Chain Management) – Gerenciamento da cadeia de suprimentos – Trata-se da integração completa dos parceiros numa cadeia de processos de logística partilhados, desde o aprovisionamento de matérias-primas até a entrega ao cliente final. Uma vez que planejamos e controlamos todos os elementos numa cadeia de valor global, os fluxos de materiais, dinheiro e informação podem ser simultaneamente coordenados e otimizados. Isso é regra para qualquer organização, pois esta só conseguirá manter-se um passo à frente da concorrência, se conseguir fazer com que os processos da sua cadeia de fornecedores funcionem como um relógio.

Workflow (Fluxo de trabalho) – É a estruturação gráfica automatizada das etapas de um processo que contém dados e documentos e os usuários que os manusearão. (Usuário ‘A’ recebe dados vindo do local ‘X’, realiza suas funções, passa os dados depurados e consolidados em um documento ‘Y’ para o usuário ‘B’ e assim por diante).

Agora que vocês têm idéia do significado das palavras globalizadas, podem freqüentar tranqüilamente as reuniões com os dirigentes das corporações e falar a mesma língua. Não esqueça de copiar esse artigo e inserir no seu PDA (agenda portátil Pocket PC ou Palm OS).

Imaginem o outro lado, quando informamos à um cliente que, para abrir uma empresa, ele necessita fazer uma pesquisa prévia, após dar entrada no ato na Jucesp. Aberta a empresa, será atribuída uma NIRE, depois será atribuído um CNAE Fiscal para inscrevê-la no CNPJ. Em seguida, faremos uma DECA para o Estado autorizar a circular mercadorias. A prefeitura calcula a TLIF e TFA.

Dizemos também que a empresa deverá entregar mensalmente obrigações acessórias como GIA do ICMS, DES, DME, GFIP, GPS, CAGED e diversas outras siglas que fazem parte do nosso cotidiano. Acho que o cliente ficaria na mesma posição em que ficamos em relação aos profissionais nas corporações. Vamos, então, chamar a nossa linguagem de ‘contabilês’.

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