[ICANN 64]

ICANN| 64 – KOBE - Dia 4

Kobe, Japão, 13 de março de 2019

Por Nivaldo Cleto*

Focaremos o Diário de hoje no relatório produzido para a Business Constituency (BC) durante o último ano que busca identificar as barreiras encontradas pelo empresariado latino americano dentro do espaço da Governança da Internet, e particularmente em sua entrada na ICANN. O estudo foi conduzido ao longo de seis meses por um time diverso composto de Andrew Mack (AMGlobal, EUA), Mark Datysgeld (Governance Primer, Brasil) e Gabriela Szlak (Lerman & Szlak, Argentina).

ICANN 63
Mark William e Andrew Mack, autores do projeto

Com o nome de "Building Sustained Business Constituency Participation in Latin America: Environment, Challenges and Opportunities" (veja aqui a apresentação), o time olhou para uma série de documentos oficiais da ICANN, estatísticas agregadas pela comunidade, e uma série de entrevistas originais realizadas com atores relevantes, em busca de respostas convincentes e que possam orientar o desenvolvimento de novas políticas que possibilitem essa inclusão.

A participação da comunidade latino americana dentro do espaço da ICANN correspondeu a um total de 10% dos presentes nas reuniões regulares da instituição durante os últimos três anos, e se observou um crescimento discreto do número de empresários latinos presentes, particularmente devido às três reuniões em sequência na qual a língua principal foi o espanhol (Porto Rico, Panamá e Espanha). Mesmo assim, os números totais são decepcionantes, com apenas 16 empresários latinos dentre os 2.639 participantes da ICANN 63, em Barcelona.

Quais são as razões para isso? As razões principais encontradas foram: A) fator linguístico - o processo como um todo depende quase que inteiramente da língua inglesa, mas a maior parte das pessoas mais velhas da região não fala inglês fluente; B) ausência de uma agenda que contemple temas especificamente latino americanos; C) ausência de uma cultura de participação das empresas no processo de formação de políticas, onde por vezes isso pode ser visto como mero lobby; D) necessidade de afastar funcionários da empresa sem a percepção de um retorno claro; E) excesso de acrônimos e uma densidade cultural muito pesada que cria barreiras de entrada duras.

Foi considerado se era um problema que a BC é a única Constituency da ICANN que cobra diretamente uma anuidade de seus membros, mas isso não foi identificado como uma barreira para os entrevistados. Isso é positivo, pois é esse fundo que permite que pesquisas como essas sejam contratadas, além de apoiar os diversos eventos de engajamento promovidos pelo grupo ao longo do ano em diversos países.

Pensando em esses e outros fatores, foram sugeridos quatro modelos de participação novos: A) Teamed Membership: no qual duas ou mais empresas poderiam dividir um mesmo vaga e obrigações; B) Association Model: foco na inclusão de associações devido ao sucesso da integração das mesmas; C) Bundled Sectoral: criação de grupos de empresas de modo não orgânico; D) Local Ambassadors: escolher pessoas de potencial forte dentro de uma região para criar polos atrativos de membros e interesse.

Foram sugeridas cinco ações imediatas: aumentar a organização e coleta de dados regionais, participação da BC na formação de estratégias locais voltadas ao empresariado, BC trabalhando junto do time regional para estar presente em todos os eventos, lidar com linguagem de um modo mais diverso, em um novo programa chamado "Hear the BC", no qual cada região do globo possui a oportunidade de apontar questões políticas de sua região a cada mês.

O plano já está em discussão com as lideranças da BC e começará a ser implementado nas próximas semanas.





*Nivaldo Cleto é conselheiro do CGI.br - setor Empresarial Usuários de Internet e membro da ICANN Business Constituency