[ICANN 63]

ICANN| 63 – BARCELONA - Dia 1

21/10/2018

Por Nivaldo Cleto*

ICANN 63
ICANN Business Constituency: a partir da esq., Jimson Olufuye, vice-presidente de Finanças e Operações, Göran Marby, CEO da ICANN e os membros da ICANN BC, Nivaldo Cleto, Paulo Roque e Mark Willian Datysgeld

Retornando ao continente Europeu, a ICANN 63 ocorre em Barcelona com uma série de mudanças notáveis que desafiam padrões estabelecidos em reuniões anteriores. Uma diversidade grande de temas e iniciativas coexistem dentro de um espaço cada vez mais dinâmico, mas o grande destaque ainda está no passo acelerado do Expedited Policy Development Process (EPDP).

Essa iniciativa de alto nível da comunidade busca num período de apenas 1 ano encontrar a solução para a questão da privacidade do banco de dados WHOIS, e é composta apenas por membros experientes que já realizaram outros projetos significativos na ICANN. Passado já mais da metade do período proposto, comenta-se que é necessário que o processo seja agilizado e que resultados mais expressivos sejam alcançados para que se cumpra sua proposta.

De qualquer modo, seguimos com nosso olhar voltado ao mundo dos negócios, com base no trabalho da Business Constituency (BC), hoje contando com 5 membros latinos onde em um momento anterior existia somente a AR-TARC. Celebramos o crescimento de nossa representatividade ao mesmo tempo em que buscamos avançar e fortalecer a presença do pequeno e médio empreendedor da América Latina no processo de formação de políticas da instituição.


ICANN 63

Evento ISPCP

Os provedores de serviço de Internet se concentram na ICANN dentro do grupo denominado ISPCP, e durante essa reunião organizaram um evento separado para delinear estratégias voltadas ao mercado empresarial. A palestra-chave do evento foi liderada pela Telefônica, com seu líder de políticas Juan Carlos G. Lopez sendo apoiado por Adiel Akplogan da ICANN. Começaram com algumas considerações mais gerais e avançaram para o tema do acesso móvel.

Comentaram que não apenas há maior consumo de banda móvel, mas também um maior número de consumidores totais. São 5 bilhões de linhas telefônicas no mundo, e em regiões como a América Latina, programas como o "Internet Para Todos" miram conectar os próximos 100 milhões. São muitos móveis novos, mas acesso nas casas também cresce, mesmo que em uma dimensão menor.

O crescimento nas residências se dá sobretudo em função de que na conexão por fibra existe 100 vezes mais banda disponível do que na de cobre, algo cada vez mais utilizado devido à demanda muito alta de vídeos, cada vez contando com mais alta resolução. O formato de 360 graus e de Realidade Virtual já se mostram como sendo de interesse e há uma demanda no horizonte.

Ao falar sobre o 5G, mencionaram como prioridade o tema das vulnerabilidades e riscos. Dialogou sobre como no passado as máquinas eram construídas com um propósito definido e tinham desenvolvimento de segurança prioritário, mas agora elas são cada vez mais de propósito genérico, o que aumenta o risco.

Sobre segurança, foi mencionado que o controle sobre acesso de casas é mais estável e previsível, mas com o aumento de aparelhos variados, entender o caminho dos dados será mais difícil. Vão ter que estudar mais os próprios sistemas para que possam isolar ameaças. Nesse sentido, acreditam que o machine learning e Inteligência Artificial vão ser recursos fortes para monitorar padrões e estabelecer um controle melhor da rede.

Foi dito que querem gerar comforto para o consumidor, de um modo que não precisem se preocupar tanto com a segurança e esse já seja um problema pré-resolvido. Dentro desse tema, querem que a resiliência do DNS seja expandida e fortalecida. Estão testando o DNSSEC em suas redes e recomendando ele como padrão para seus parceiros.

Falaram sobre como possuem uma respinsabilidade grande de conectar aparelhos e pessoas, já que são o "ponto de entrada" para o acesso. Enquanto empresa, querem liberdade e independência para operar, sem uma centralização de tráfico. Defende a ICANN como um ator essencial para garantir competitividade.

Tony Harris da ISPCP/CABASE perguntou sobre Intelligent Transport Systems. Juan respondeu que na Espanha já são vários, tendo um corredor que conecta com Portugal de mais de 100 quilometros. Estão trabalhando juntos com a Nokia e testando o edge computing. Testam também carros na Alemanha e possuem uma estratégia de serviços de carros conectados. Iniciaram com telemetria, mas hoje já olham para a direção assistida e a entrega de conteúdo. O problema ainda é "quem vai pagar por isso?"

Tony Holmes da ISPCP fala sobre como o dinheiro vindo de conectividade está caindo. É bom para o usuário, mas os retornos diminuem. Os provedores de conteúdo tem cada vez mais destaque, e se olha para eles como os inovadores. Pergunta se acha provável que se consolidem os provedores de infra e conteúdo. Juan disse que está ocorrendo. A Telefônica está produzindo filmes e possuem um canal de televisão na Espanha. Sobre concentração de mercado, fala que é um assunto difícil e na Europa a consolidação não é bem vista na Europa. Querem dar uma plataforma aberta no qual cada provedor de conteúdo possa operar de seu jeito.

Sobre as áreas rurais, sabem que existem grandes trechos na América Latina que são sub-servidos ou não-servidos. O esforço da Telefônica está no sentido de mapear eles, por imagem de satélite e pesquisas. Assim podem planejar como fazer a implantação e criar modelos de negócios. Estão já viabilizando isso, mas existem desafios alheios como, por exemplo, o acesso à rede elétrica.



*Nivaldo Cleto é conselheiro do CGI.br - setor Empresarial Usuários de Internet e membro da ICANN Business Constituency