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Domínio ‘.br’ perde força entre brasileiros

Tecnologia

Por Rodrigo Carro | Do Rio


Sétimo colocado na lista dos domínios que identificam países, o “.br” vem perdendo força nos últimos anos. Ao fim de 2017, havia 3,9 milhões de sites registrados com o domínio brasileiro, o que representou um crescimento praticamente nulo frente ao ano anterior. Mantida a tendência atual, o número de sites tende a se estabilizar ainda este ano em 4 milhões.

Além da crise econômica no país e do reajuste na tarifa de registro, o “.br” sofre com a concorrência internacional de domínios genéricos, não associados a países, como o “.xyz” e o “.vip”. A expansão anual de apenas 0,18% do número de registros brasileiros contrasta com a do minúsculo arquipélago de Tokelau, cuja população é de 1,3 mil habitantes. Identificado pela terminação “.tk”, o território administrado pela Nova Zelândia firmou-se como uma “potência” da internet. Em 2017, cresceu 6,41%, para 19,9 milhões de sites registrados com o seu domínio. Na verdade, Tokelau é uma exceção na lista dos dez mais populares domínios nacionais de nível superior, como são chamadas terminações que designam países ou territórios. Líder no ranking de países, o domínio “.cn”, da China, avançou só 1,42% em 2017. A Alemanha (terceira colocada) cresceu 1,24%.

“Houve uma pulverização dos domínios no mercado internacional”, diz Demi Getschko, diretor-presidente do NIC.br, entidade que implanta as decisões e projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil. No caso de Tokelau, trata-se de um domínio genérico que passou a ser oferecido de graça a partir de 2006 pela empresa Freedom Registry (hoje FreeNom). Assim como Cocos e Palau, outros pequenos arquipélagos no Oceano Pacífico, as ilhas de Tokelau delegaram a empresas privadas a autoridade para registrar nomes de páginas com seus domínios. “Existe também muita gente indo para as redes sociais”, diz Getschko. Ele cita como exemplo microempresas que optam pela presença no Facebook em vez de criar sites próprios. Apesar da desaceleração no registro de páginas “.br”, ele projeta uma expansão entre 5% e 10% para este ano. À luz dos números dos últimos dez anos, a estimativa de Getschko soa otimista. Se no fim da década passada o total de sites que usam o domínio brasileiro crescia a taxas de dois dígitos, no início de 2010 a expansão perdeu fôlego. Recuou para menos de 10% ao ano.

Projeção feita pelo Valor Data, com base nos dados dos dez últimos anos compilados pela consultoria Teleco, indicam estabilidade em 2018. “A expansão da internet vem sofrendo os efeitos da globalização da rede, em que os domínios ‘.br’, por serem locais ou nacionais, deixaram de ser atraentes para as grandes empresas, que buscam registros sem nacionalização”, afirma Gilberto Braga, professor de Finanças do Ibmec/RJ. Apesar da tendência à estabilidade, Braga argumenta que é preciso levar em consideração uma provável melhoria do contexto econômico. Dentro dessa lógica, o número de sites com domínio brasileiro subiria de zero a 1% por ano até 2020, estima o professor do Ibmec/RJ.

“A economia é uma das explicações”, diz Renato Opice Blum, coordenador do curso de direito digital do Insper, em uma referência à estagnação em 2017. Mas o advogado destaca também – como obstáculos ao avanço do “.br” – a crescente facilidade para registrar domínios, não necessariamente no Brasil. E a possibilidade de usar domínios mais sugestivos do ponto de vista de marketing. O “.xyz”, por exemplo, é usado nos registros de 2,3 milhões de páginas, de acordo com o site nTLDStats. “Está havendo certa migração. Muitas empresas estão mais preocupadas em ter seus aplicativos no Google Play e na Apple Store. Depois se preocupam em criar um site”, diz Blum. “É o caso das startups com orçamento limitado.”

Disposto a expandir as opções de domínios existentes no país, o NIC.br liberou ao longo do ano passado 54 novas categorias dentro do domínio “.br” para cidades com mais de 500 mil habitantes. O pacote inclui Floripa.com e Sampa.com. No exterior, cidades como Berlim e Tóquio já adotaram essa estratégia. Mesmo com a diversificação, o tradicional “.com” continua a ser, de longe, o domínio mais usado no mundo. No fim do ano passado, havia 131,9 milhões de páginas registradas com essa terminação – 3,94% a mais do que em 2016.

Fonte: Valor Econômico

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